MUSA
Portugal, 2020
Directora Artística da participação portuguesa.
MUSA — European young MUsicians soft Skills Alliance é um projecto Europeu de formação profissional dedicado a jovens quartetos de cordas. Tem como objectivo proporcionar os conhecimentos e competências de empreendedorismo que estão em falta nos currículos gerais de formação musical, e que são fundamentais para a construção de carreiras profissionais de sucesso.
O MUSA é direccionado a jovens quartetos de cordas profissionais, compostos por músicos entre os 20 e 35 anos de idade, que trabalham em conjunto e se focam no repertório de música de câmara.
O projecto é co-financiado pelo programa Erasmus+ da União Europeia como uma Parceria Estratégica para apoiar a inovação. Esta parceria estratégica é composta por: Le Dimore del Quartetto S.r.l. Imprensa Sociale como Principal Promotor, IED – Istituto Europeo di Design e ASK – Centre for Research on Management and Economics of Arts and Culture Institutions em Milão (Itália), ProQuartet – Centre européen de musique de chambre de Paris e La Ferme de Villefavard en Limousin di Villefavard (França), e pela experimentadesign em Lisboa (Portugal).
Em Portugal o programa teve curadoria e produção da experimentadesign e aconteceu em Mafra e em Lisboa, uma decisão estratégica que dá relevo à importância da descentralização cultural e da cooperação. Teve como tema a importância da cultura no desenvolvimento das soft skills e do papel da interdisciplinaridade cultural neste processo, sendo que os workshops abordam a relação da música clássica com diferentes dimensões do design, arquitectura, cenografia, música contemporânea e artes plásticas. São leccionados por um grupo de 19 protagonistas e especialistas nas áreas referidas, dando aos quartetos a oportunidade de contactar com novas realidades que contribuem positivamente para diferentes componentes das suas vidas profissionais. Durante a semana de 25 a 30 de Outubro, Portugal recebeu 12 jovens músicos de três quartetos clássicos da Alemanha, França e Polónia, para participarem neste programa pioneiro e inovador na área da educação.
Os arquitectos João Belo Rodeia e Ana Tostões introduziram os quartetos às bases da compreensão da arquitectura, do espaço e da sua influência na performance musical; o curador Delfim Sardo explorou as relações entre a arte contemporânea e música e sobre a forma como se têm acompanhado ao longo dos séculos enquanto formas de expressão e indicadores de movimentos socioculturais enquanto que a artista plástica Luísa Cunha fez uma abordagem mais intimista e ligada ao seu próprio percurso artístico onde a música e o som têm um papel determinante. O designer José Álvaro Correia abordou temas ligados ao design de luz, os encenadores e cenógrafos João Garcia Miguel, Jean Paul Bucchieri, Amir Hosseinpour e Jonathan Lunn guiaram os quartetos numa análise sobre as possibilidades da encenação das artes performativas, set design, a composição do espaço e a sua relação com a música; a designer gráfica Ana Cunha abordou a importância do design gráfico no desenvolvimento da identidade de cada quarteto, enquanto o criativo Tomás Froes incidiu sobre o design estratégico na articulação da comunicação. Os músicos e sound designers Rui Gato e Vitor Joaquim deram a conhecer realidades ligadas à geometria sagrada, composição musical contemporânea e design de som e os músicos Frederico Gato, José Manuel Neto e João Tiago Oliveira fizeram um workshop performativo executando temas para guitarra portuguesa. O designer Miguel Vieira Baptista abriu o caminho para o entendimento do design e dos materiais na construção e exploração de artefactos musicais, enquanto que o mestre Óscar Cardoso ensinou como se faz a guitarra portuguesa. A curadora e directora artística Guta Moura Guedes deu o último workshop da semana centrado sobre os conceitos de multidisciplinaridade, contaminação e experimentação.
Contando com o apoio da Câmara Municipal de Mafra, do Palácio Nacional de Mafra e da Fundação EDP os alunos ficaram em residência em Mafra, sendo que os workshops e concertos ocorreram no Palácio Nacional de Mafra – património da Unesco e onde será instalado o futuro Museu da Música – e na Central Tejo e o MAAT em Lisboa. O perfil arquitectónico e temporal dos três edifícios seleccionados bem como os seus conteúdos, bastante diferentes entre si, são em si um veículo formativo contribuindo para evidenciar o impacto do espaço no processo criativo e interpretativo.
O programa contou também com 2 momentos de apresentação pública, no formato de concertos executados pelos quartetos e integrando alguns dos conceitos e abordagens apreendidos durante a residência. O primeiro aconteceu na quinta-feira 28 de Outubro às 19h00 no MAAT, na instalação Lisbon Dots do artista Carsten Höller na Sala Oval, parte da sua exposição DAY. O programa deste concerto oscilou entre peças para quarteto dos compositores do romantismo Mendelssohn, Schumann e Ravel, do compositor pós-romântico Shostakovich e do contemporâneo Garth Knox. Contou também com uma peça experimental e in situ desenvolvida durante os workshops, com coordenação de Vitor Joaquim e Rui Gato. O segundo concerto ocorreu no Palácio Nacional de Mafra, na Sala de Diana, no sábado dia 30 de Outubro às 11h30, tendo como foco 2 peças completas de Mendelssohn e Schumann.
Terminando em Outubro de 2022 com um concerto final em Bruxelas e uma sessão de apresentação de resultados, o programa inclui ainda o lançamento de um manual para programas de formação superior em empreendedorismo cultural para jovens músicos, e uma pesquisa sobre o valor educacional e social do património cultural Europeu enquanto catalisador económico e criador de emprego, juntamente com uma série de directrizes desenvolvidas com o intuito de beneficiar organizações que no futuro queiram seguir o formato MUSA para a formação de jovens músicos na área clássica.