Flexibility: Design in a Fast Changing Context

Design e Arquitectura, Exposições — Curadora
Torino, Italy, 2008

Curadora da principal exposição da World Design Capital Torino 2008.

“Flexibility: Design in a Fast Changing Context” foi um dos eventos mais importantes do calendário da Capital Mundial do Design Torino 2008 e com maior número de visitantes. Para além da exposição, que teve lugar na antiga prisão de Torino, “Ex-Carceri, Le Nuove”, fechada ao público até então, fizeram ainda parte uma série de debates sobre o tema e uma série de workshops com alguns dos designers convidados, nomeadamente Fernando Brizio, Antenna Design (Sigi Moeslinger & Masamichi Udagama), Emiliana (Ana Mir & Emili Padros) e Giulio Iacchetti.

“Labirintos de estradas, aglomerações de edifícios, labirintos de relações. Em 2050, mais de 90% da população mundial viverá em cidades, lugares que já hoje são caracterizados por uma complexidade crescente. O panorama urbano será – é já –  um sistema de conexões estreitas entre objectos materiais e factores imateriais produzidos pelo homem. Um espaço muitas vezes caótico, em aceleração permanente, que condiciona, restringe e por vezes paralisa o movimento, reduzindo consideravelmente o espaço de manobra individual e colectiva. A maior parte das vezes as estruturas e os produtos que usamos no dia a dia são caracterizados pela sua rigidez e pouca adaptabilidade. Neste cenário, a flexibilidade torna-se uma necessidade e uma resposta ao mesmo tempo. Flexibilidade como forma de derrubar barreiras, de deixar caminhos já demasiadamente utilizados, como meio de nos afastarmos de soluções já esgotadas; flexibilidade como resposta, como uma atitude que permite aos indivíduos reagir num contexto que muda a uma velocidade cada vez maior e que produz resultados inesperados, por vezes com um impacto explosivo, onde muitas das ferramentas que temos já se tornaram obsoletas. O design terá aqui um papel determinante.” GMG, 2008

A exposição “Flexibilidade – Design numa sociedade em rápida mudança”  levantou –  em 2008 –  questões estruturantes sobre a relação entre flexibilidade e design e a possibilidade que esta disciplina tem de contribuir de forma activa para novas soluções. Efectuada uma pesquisa sobre esta relação,  que envolveu designers, teóricos, antropologistas e neurocientistas, a exposição veio propor que o conceito de flexibilidade fosse entendido partindo da noção de flexibilidade cognitiva, que nos explica como o cérebro humano está desenhado para conseguir adaptar um determinado conhecimento adquirido em determinado contexto para responder a outro contexto diferente do inicial:  ou seja, provando que um sistema, ou componentes dele, podem ser modificados e adaptados para serem utilizados em aplicações ou configurações diferentes daquelas para os quais foram originalmente concebidos. Na proposta de GMG para esta exposição está a premissa de que existe uma relação entre a flexibilidade cognitiva que caracteriza o cérebro humano e o design, muito especificamente, o design thinking.

Um percurso narrativo e experimental explorou as diversas formas de conceber o mundo e a sociedade a partir de um conceito de adaptabilidade, a partir da perspectiva da transformação de ambientes urbanos em lugares mais flexíveis e mutáveis mas também mais acolhedores e duráveis.

No cenário da antiga prisão “Ex-Carceri, Le Nuove”, uma das tipologias arquitectónicas mais rígidas e menos flexíveis, a exposição estendeu-se ao longo dos corredores ladeados pelas celas, criando um percurso em três etapas, com um sound design especificamente criado fruto da pesquisa musical de três designers de som. O efeito resultante, entre conteúdos e edifício, foi de grande impacto: a defesa da flexibilidade e a constrição própria da arquitectura da prisão interagindo, dando vida a um determinado oxímoro conceptual.

No espaço circular do panóptico, a partir do qual as alas da prisão se estendem, a exposição iniciou-se, introduzindo os visitantes à multiplicidade de significados atribuídos ao conceito de flexibilidade; no momento expositivo seguinte, na ala das celas masculinas, foram propostos exemplos de objectos e soluções de design eficazes em termos de adaptabilidade e versatilidade e que podem ser aplicados nas nossas casas, locais de trabalho e cidades; no final, o percurso da exposição terminou na ala das celas feminina, onde estiveram expostas 9 instalações criadas especialmente por dez designers internacionais sobre o tema.

Uma viagem multifacetada propôs a flexibilidade como ângulo de abordagem essencial em design, bem como um processo que permite explorar oportunidades imprevisíveis  sublinhando a capacidade de adaptação individual e, portanto, de sobrevivência colectiva.

29 de junho de 2008 a 12 de outubro de 2008

Curadoria: Guta Moura Guedes
Assistente de curadoria: Rita João
Design de Exposição: Pedro Gadanho
Design de Comunicação: R2

Estúdios de Design Comissariados:

Antenna Design (Sigi Moeslinger & Masamichi Udagawa) – Austria/Japan/USA
Bertjan Pot – The Netherlands
Clemens Weisshaar & Reed Kram – Germany/Sweden
Emiliana (Ana Mir & Emili Padrós) – Spain
Fernando Brízio – Portugal
Giulio Iacchetti – Italy
Matali Crasset – France
Patricia Urquiola – Spain/Italy
Ross Lovegrove – United Kingdom

Video e Som: Margarida Moura Guedes e Rui Gato
Textos: Max Bruinsma,

Icon Magazine
“Of all the events and exhibitions being held in Turin to mark its status as this year’s world design capital, the most interesting to date is Flexibility, a series of installations by the likes of Bertjan Pot, Patricia Urquiola and icon’s cover star this month, Fernando Brizio. The installations took over the corridors and cells of Le Nuove, the city’s disused prison. In one cell, Brizio provided a splash of colour with his Renewable Clothing; the wearer can choose the colour of the garment by placing un-lidded felt-tips into integrated “pockets” and allowing ink to do its job. The outfit can be washed white, so a different colour combination can be worn next time. Pot designed a vertical blind with revolving mirror segments, doing strange things to passers-by as their image melts and dissolves before their eyes, while Italian designer Giullio Iacchetti’s piece had an ethical slant – a park bench that can be turned around by night to shelter the homeless (or by day to cover those caught unaware in a downpour).
More “recyclability” than “flexibility”, Kram/Weisshaar presented their felt and concrete units originally designed for Basel’s Designers of the Future award, suggesting they could be used as sculptural building units. Others involved include Ross Lovegrove, Antenna Design and Emiliana design studio. Commissioned by Portuguese curator Guta Moura Guedes, the installations will be up until the 12 October 2008.”
Anna Bates, 2008

Designboom article here.

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